A falta de tacto e a ausência de previsão das consequências subsequentes tem sido uma constante que nos vai, cada vez mais, surpreendendo no caso da Geórgia. Agora, surge um novo episódio o presidente (?) Eduard Kokoiti, da Ossétia do Sul, não quer o regresso dos georgianos ao seu território, o qual, para todos os efeitos, parece que ainda pertence à Geórgia… Saakashvili foi acordar um vespeiro adormecido do qual ou não se apercebeu das consequências, e aí foi de uma leviandade sem limites, ou, então, já as esperava e pensava (ou alguém o convenceu disso) que estava ao abrigo do grande chapéu-de-sol protector da Nato e da EU…
Puro engano, nem tinha uma coisa nem a outra, apenas a ambição de as ter, agora, fruto dessa ambição desmedida, parece começar a perceber-se que vai acabar por perder quer uma coisa quer outra e, ainda, tudo parece indicar, ter perdido o seu frágil poder militar e irá perder partes significativas do seu território, uma vez que estes se reforçaram militarmente, não só pelo saque ao material abandonado como, também, pela perda dos principais efectivos materiais georgianos.
Internacionalmente, conseguiram abrir um frente a frente entre a Rússia e o ocidente, do qual só os russos parecem poder tirar dividendos, já que apenas estes vêem sair reforçadas as suas posições, não só na área como no próprio xadrez internacional. Apagados, também eles aparentemente adormecidos, ressurgem agora com um Putin extremamente decidido a reerguer a velha Rússia e a devolver-lhe o prestígio que, por alguns anos parecera perder. Como no velho mito da caixa de Pandora, temos visto sair cada vez mais coisas deste incidente, só nos resta ir esperando para ver o que vai restar no fim…