
Face ao que temos visto de absolutamente inédito na história da educação em Portugal, desde as ovadas à ministra, que tornaram obrigatória a sua bunkerização, às duas gigantescas manifestações, a uma primeira greve monumental mais a segunda que se avizinha e que me parece terá ainda uma adesão superior e, sobretudo, dada a repetida determinação dos professores em não acatarem seja que ordens forem desta gente, a minha dúvida começa a ser como será depois…
Com Maria de Lurdes morta, enterrada e ignorada, algo que eu vinha defendendo há muito tempo, por entender não se dever falar com quem não o merece, a questão é que este consulado fez mossa e deixará problemas profundos e não sei mesmo senão insanáveis a curto prazo na escola pública portuguesa.
Neste momento, as grandes preocupações que me assolam são como reagir à credibilidade e dignidade perdidas, ao novo modelo de gestão escolar, aos novos estatutos do aluno e da carreira docente, à nova tipologia dos concursos e, ainda, à proliferação insensata dos cursos profissionais que ameaçam arrastar para o vazio milhares de alunos? Sabemos que é difícil adquirir direitos e construir modelos funcionais mas que, sendo destruí-los muito fácil, é extremamente difícil readquiri-los… Depois, o novo ano lectivo chegará inexoravelmente mais rápido do que seria desejável, com concursos, tantas eleições, crises e incertezas pelo meio, que não se me afigura haver tempo e vontade política para dedicar à educação.
Apesar de Tarpeia morta, temos os sabinos dentro da cidade… Como iremos reverter a legislação aprovada, os direitos perdidos e o todo o mal que foi feito? Esta parece-me ser a grande questão em que devíamos ter começado a pensar já ontem…