sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

E depois do adeus?



Face ao que temos visto de absolutamente inédito na história da educação em Portugal, desde as ovadas à ministra, que tornaram obrigatória a sua bunkerização, às duas gigantescas manifestações, a uma primeira greve monumental mais a segunda que se avizinha e que me parece terá ainda uma adesão superior e, sobretudo, dada a repetida determinação dos professores em não acatarem seja que ordens forem desta gente, a minha dúvida começa a ser como será depois…
Com Maria de Lurdes morta, enterrada e ignorada, algo que eu vinha defendendo há muito tempo, por entender não se dever falar com quem não o merece, a questão é que este consulado fez mossa e deixará problemas profundos e não sei mesmo senão insanáveis a curto prazo na escola pública portuguesa.
Neste momento, as grandes preocupações que me assolam são como reagir à credibilidade e dignidade perdidas, ao novo modelo de gestão escolar, aos novos estatutos do aluno e da carreira docente, à nova tipologia dos concursos e, ainda, à proliferação insensata dos cursos profissionais que ameaçam arrastar para o vazio milhares de alunos? Sabemos que é difícil adquirir direitos e construir modelos funcionais mas que, sendo destruí-los muito fácil, é extremamente difícil readquiri-los… Depois, o novo ano lectivo chegará inexoravelmente mais rápido do que seria desejável, com concursos, tantas eleições, crises e incertezas pelo meio, que não se me afigura haver tempo e vontade política para dedicar à educação.
Apesar de Tarpeia morta, temos os sabinos dentro da cidade… Como iremos reverter a legislação aprovada, os direitos perdidos e o todo o mal que foi feito? Esta parece-me ser a grande questão em que devíamos ter começado a pensar já ontem…

5 comentários:

joshua disse...

Grandes verdades e constatações, caríssimo A., mas a minha esperança é que as intervenções tão malevolamente engendradas por uma gente reles, quer na educação que nos mais variados planos, entre atropelos e tropelias, reverta contra si num movimento consistente de indignação firme e transversal na sociedade, num momento em que a mentira do Regime e da Legislatura começa a aflorar para além de todas as expectativas. Um Povo roubado e enganado terá de reagir.

Tenho de ter esperança. Não acredito que o sono das pessoas suporte o que vem por aí, sem um Gesto bem cívico e veemente.

Grande Abraço

joshua

Maria Rosmaninho disse...

Caríssimo, a nossa luta ainda não acabou e, se chegarmos a bom porto, acredito que, tal como fomos capazes de lá chegar, também conseguiremos dar um novo rosto à Escola Pública que defendemos.

quink644 disse...

Está tudo em jogo, salvo estes tipos que já são cartas fora do baralho... Creio que o nosso último obstáculo será o Jocker, com esse é que é preciso cuidado... Mas, aconteça o que acontecer, creio que os professores não podem voltar a adormecer como adormecemos desta vez. Que nos sirva de lição a nós e aos sindicatos... Isso é o mais importante

Anónimo disse...

Pois, inclusivé o Prof. Ramiro Marques:

Vejam como o Professor respeita a liberdade de opinião no post “122 moções às 22:00: 49 agrupamentos e 73 escolas. A aprovação de moções de rejeição da ADD está imparável” - PUBLICADA POR RAMIRO MARQUES EM 21:55 16 de Janeiro de 2009 no seu blog Profavaliação:
“Anónimo disse…
Ao Anónimo do dia 17 de Janeiro de 2009 11:12 que pergunta “Ramiro porquê que saiu daqui o texto do anónimo das 23:15?”:
A todos os comentadores deste blogue:
O texto do anónimo das 23:15 (16 de Janeiro de 2009) desapareceu porque o Professor Ramiro Marques o apagou.
Não respeitou o direito à liberdade de expressão (conquista de Abril de 74) porque não entrosava na sua opinião política sobre a ADD, porque não servia os seus interesses neste blogue.
Não se respeitou a ele próprio pois a epígrafe deste seu blogue é a seguinte: “Blog centrado na divulgação de informação sobre o estatuto e a avaliação do desempenho dos professores Análise e crítica de toda a legislação escolar.”
Para que conste, aqui se republica:
“Anónimo disse…
Estou FURIOSO. COMIGO. E venho aqui dizer porquê.
É que nesta luta tenho aderido ao que Me tem sido pedido como professor. Fiz as greves, marchei junto com os meus colegas, li e acompanhei a luta nos blogues, cansei-me de ler as cópias dos textos duns blogues para outros, divulguei os posts, não entreguei os OI, discuti com colegas, eu sei lá.
E agora descubro que fui enganado. Publicou-se a lista das escolas dos PCEs que estiveram na reunião em Santarém. O Ramiro publica-a com o manifesto num link para a fenprof antes da reunião dos 14 representantes com a Ministra.
Foi anunciado aos quatro ventos que eram 139 PCEs. Na lista estão 128 escolas, das quais uma é repetida. Quem escolheu mentir? Que tem de diferente, ou mágico, o número 139?
Fui ver quem eram as escolas. Cerca de 30 são de longe, as outras estão próximas de Coimbra e Santarém!
Nos blogues, publicou-se a lista das escolas que repetiram a rejeição da entrega dos OIs ou suspenderam de novo a ADD – nos blogues do Ramiro, do educação sa, no mup.
Na última lista, 122 escolas e agrupamentos. Mas 11 são nomes repetidos! 1 até em 2 nomes! Portanto, 111!
Incrível a pouca seriedade de quem lidera estes movimentos, professores. Pela mentira, pela ocultação da verdade. E no blogue do Movimento da Escola Pública, a lista das escolas que rejeitam a ADD ou a suspendem é das escolas TODAS, inclui as das moções de Novembro! Junta tudo – Novembro e Janeiro! Mesmo com as datas de Janeiro, é a ilusão do muitos, a ilusão de que todos estamos na mesma luta, de que não estamos sozinhos.
Comparei as 2 listas, a das escolas presentes na reunião e a das escolas publicada no profavaliação e educação sa.
Que constato?
127 PCEs na reunião de Santarém, 111 escolas que rejeitaram a ADD ou a suspenderam, recordam-se?
Só 26 são coincidentes.
Como é? Há 101 PCEs contra a ADD do que as escolas/Agrupamentos? Há 101 PCEs cujas escolas/agrupamentos não rejeitaram a ADD ou a suspenderam agora?
SintoME ENGANADO! Sinto-ME DEFRAUDADO! Sinto-ME REVOLTADO! Ramiro, mup, reitor, frenprof, TODOS, estiveram a brincar comigo.
Bem devia ter dado atenção ao que a MINHA cabeça dizia. Devia ter pensado por MIM.
Por isso, vou sair deste REBANHO porque os seus PASTORES não prestam.
16 de Janeiro de 2009 23:15”
Reparem bem como os comentários dos Anónimos de 17 de Janeiro de 2009 0:06 e 1:21 se dirigem ao das 23.15. E o das 11:12.
Mas este não foi o único texto que desaparece. Aconteceu o mesmo ao texto do anónimo das 22:31 (16 de Janeiro de 2009). Aproveito para o recolocar aqui:
“Anónimo disse…
“A demissão em bloco de professores que foram eleitos pelos seus colegas para os representar não iria resolver qualquer problema. Seria antes uma traição aos professores que os elegeram”, disse ontem a dra. Rosário Gama à saída de reunião de 4 horas (!) no ME.
Pergunto-me se ninguém se lembrou desta conclusão óbvia quando resolveram ameaçar com a demissão colectiva. Eu já aqui tinha dito: a inexperiência política destas pessoas é confrangedora, e o estado de desespero em que estão é por demais visível.
Mas há mais: percebe-se que a dra.Rosário Gama só reconhece o que os seus pares querem num dado momento, mas não o que lei manda fazer. É uma concepção muito adolescente de democracia, e leva à completa desresponsablização dos líderes. O que a dra.Rosário Gama faz, com comportamentos destes, é legitimar a mudança no enquadramento jurídico que o Governo levou a cabo no regime de gestão e autonomia das escolas, instituindo a figura do director, porque com pessoas destas à frente das escolas, as decisões difíceis para a maioria - mas em conformidade com a lei - vão sempre para a gaveta.
A dra.Rosário Gama acha que não vive num Estado de direito, mas num estado das “multidões enraivecidas”. E dá-lhes razão. Chamam a isto ‘coragem’?
16 de Janeiro de 2009 22:31”
A este comentário, responde o do Anónimo de 16 de Janeiro de 2009 22:40: “Anónimo disse…
Anónimo das 22:31, …”
Anónimo de 16 de Janeiro de 2009 23:15
17 DE JANEIRO DE 2009 15:57 “

quink644 disse...

Bem eu só posso responder por mim, agora uma coisa é certa, deve ser muito difícil manter actualizada e verificada todas as notícias que vão chegando a esses blogues, daí ser possível haver repetições e supressões. Quanto ao resto, no meu blogue não apago nada, tudo é claro e transparente, como poderá ver, a favor ou contra as minhas ideias as opiniões ficam...
Seja no que for, não podemos é desamnimar e estou convicto que a nossa luta é uma luta muito justa e importante.
Um abraço