sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Será que ainda vai a tempo?



David Justino foi ministro da Educação
Assessor de Cavaco diz que a educação está a ser “demasiado fustigada.”

Numa situação normal diria que é pena não ser o próprio presidente a falar, mas sendo ele quem é, se calhar é preferível assim, o silêncio do presidente Aníbal António é de ouro… Contudo, mesmo sendo David Justino a falar, esta intervenção peca por ser tíbia e tardia, deixou-se chegar a situação a um ponto em que o clima nas escolas e o cansaço físico e psicológico, a desorientação geral, o enxovalho e desânimo dos seus actores atingiu um ponto nunca visto.
Como tudo o que é profundamente injusto e excessivamente prolongado, trata-se de uma situação que vai requerer uma muito lenta reabilitação, não se pense que se podem alterar as coisas de um dia para o outro, após mais de três anos da mais celerada perseguição que alguma vez se viu a uma classe profissional e, ainda por cima, a uma classe que tem a responsabilidade que os professores têm para o futuro do país. Não sei mesmo se não terá atingido um ponto perto do não retorno…
Manifestamente, para aqueles que se reformaram e se viram enxovalhados e envergonhados no final das suas carreiras, entre os quais se encontravam alguns dos melhores e mais experientes professores, esse ponto já foi quebrado e a escola perdeu-os definitivamente, sem que ainda se consiga vislumbrar qual a verdadeira extensão das consequências que essa sangria irá ter.
Tenho lançado frequentemente o alerta, tratem bem os professores, eles começarão a ser uma espécie rara em vias de extinção e formar um professor, ao contrário de um ministro ou secretário de estado, leva mais de dez anos… e esses dez anos podem ser longos de mais…
David Justino sabe isso, mas também sabia da perseguição de que estávamos a ser vítimas e calou-se. Agora que fala, quem sabe não será já demasiado tarde. Em alguns grupos de recrutamento os professores já começam a escassear e noutros já nem sequer se encontram substitutos para as vagas que as reformas provocaram…


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Os bárbaros e a tecnologia...


Quando eu era adolescente li uma história sobre a segunda grande guerra que me deu que pensar. Parece que os americanos tinham necessidade de construir uma grande quantidade de aeroportos em muitas ilhas do Oceano Pacífico e não tinham mão-de-obra para isso. Muitas dessas ilhas eram habitadas por tribos cujo desenvolvimento estava ao nível do Paleolítico. No entanto conseguiram facilmente, ao fim de poucos dias de treino, operar um bulldozer ou qualquer outra peça de maquinaria usada para construir aeroportos.
Vários anos e muitas leituras mais tarde, percebi que quando um bárbaro se confronta com a civilização, a primeira coisa que aprende dela, e mais facilmente, é a sua tecnologia. Muitas vezes nunca chega a aprender mais nada.
Muitas vezes nem sequer chega a imaginar que haja mais nada.Há trinta anos que o mundo em geral está a ser governado por bárbaros, que da civilização só vêem a tecnologia. Não compreendem que há mais mundo para lá da tecnologia, e que se esse mundo não existisse a tecnologia acabava.
Esta atitude assume muitas formas. Uma delas é o economicismo: a crença que a economia determina tudo na vida dos homens e que a ciência económica explica cabalmente toda a realidade.
Outra é a adoração bacoca da técnica como se fosse um fim em si mesma e não um meio. Quando o Primeiro-Ministro vai às escolas levar computadores, leva a cereja para pôr em cima do bolo. Mas o bolo, onde está? O Primeiro Ministro não sabe. Nem sabe que ele é preciso. Nem sabe que a cereja em cima do bolo precisa de um bolo por baixo.
E temos o caso de Maria de Lurdes Rodrigues a dizer que as escolas servem para as pessoas se qualificarem. Não servem: servem para as pessoas aprenderem. Pela simples razão, que nenhum bárbaro jamais entenderá, que quando o nosso propósito é ensinar estamos a qualificar; mas se o nosso propósito for apenas qualificar, nem qualificamos, nem ensinamos. Ou então damos uma qualificação que se esgota no momento em que o qualificado deixa de ser útil ao qualificador.
E assim voltamos aos construtores paleolíticos de aeroportos: lembremo-nos deles sempre que algum político ou algum yuppie (ou pior ainda, algum político yuppie) nos vier com a treta da qualificação. É que qualificar é fácil, o que é difícil é ensinar.
Quando a guerra acabou e os americanos se foram embora, deixaram atrás de si milhares de pessoas qualificadas para construir aeroportos. Nenhuma delas ganhou fosse o que fosse com isso.

O problema é a cobardia...



Dão-se alvíssaras a quem encontrar alguma classe satisfeita com o governo, a não ser, obviamente os políticos, banqueiros e os belmiros… Os militares são apenas mais uma, a saúde não conta, a educação não conta, a justiça não conta, a segurança pública não conta, a justiça social não conta, a pobreza galopante dos portugueses não conta e os militares também não… Que receita dão ao Estado? Nenhuma, então é para arrasar… Mas, contrariamente às outras classes, excepção feita à polícia, têm a faca e queijo na mão. Se não lhes dão o que consideram ser seu direito vão buscá-lo, os portugueses agradeceriam que, mais uma vez, voltassem a servir o país em alguma coisa…
Se persistirem em ouvir o paleio dos reformados e o canto das sereias dos políticos então terão o que merecem, já que quem pode impor não deve pedir e os militares, como estudiosos que deviam ser destas matérias, deviam sabê-lo melhor do que eu e agir em conformidade. Se forem cobardes não merecem ser militares e tudo o que lhes façam é pouco.

Se houvesse dúvidas…



Saúdo a descida dos preços dos combustíveis aos fins-de-semana, contudo, não deixa de ser verdade que é a prova inequívoca de que as margens da Galp são enormes… Tão grandes que podem dar-se ao luxo de puxar dos galões ou, neste caso, dos litros e baixar de repente 6 cêntimos… Porquê? Porque, em meu entender, o governo não está para intervir, como fez no BPN, e obrigar os preços a serem justos, isto é, a seguirem o mercado.
Espero que as outras abastecedoras lhe sigam o exemplo, para não me ter que ver obrigado a ir à Galp… a mãe de todas as sanguessugas da mangueira…

1º Prémio Porquemedizem


Porque vou a 15 e não a 8...



Porque vou à manif do dia 15 e não à do dia 8
1. Porque a convocatória para a do dia 15 foi feita antes, e portanto a convocatória feita mais tarde para o dia 8 só pode ter tido o propósito de a esvaziar.

2. Porque não gosto que quem me representa tenha outras obediências e outros compromissos.

3. Porque a Plataforma Sindical tem medo que qualquer movimentação massiva que ela não controle crie as condições para que se funde uma Ordem dos Professores, eventualidade esta que os sindicatos nela filiados andam há décadas a tentar desesperadamente impedir.

4. Porque neste aspecto o que a Plataforma não quer coincide exactamente com o que eu quero.

5. E acima de tudo porque, quando olho para os nomes da gente da Plataforma, encontro demasiados "especialistas em educação" que andam há décadas a saltar das burocracias sindicais para a burocracia ministerial e da ministerial para as sindicais.


quarta-feira, 5 de novembro de 2008

E para quê?




PS deverá votar a favor da proposta para ouvir Vitor Constâncio sobre irregularidades do BPN.


O objectivo é ouvir o parasita-mor do reino vir cantar hossanas e louvores ao exemplar comportamento do ministro da finanças, do governo e da banca portuguesa. Não referirá que serão todos os portugueses a pagar o resultado de todas as operações sujas, mas lucrativas, que fez o BPN, nem que aquilo, pura e simplesmente, devia ter falido por insolvência e os tipos que deram cobertura, especularam ou lá puseram o dinheiro deveriam ter ficado sem ele, como aconteceu na taberna que abriu aqui na rua há um ano e faliu por o dono ter bebido o vinho todo sozinho.
Para este industrial da alta finança etílica não houve o cuidado de uma nacionalização do estado garantir a continuidade deste activo promissor do desenvolvimento nacional…

E por isso...



José Sócrates felicita Obama e diz que a sua vitória é uma oportunidade de mudança para o mundo.

Muito possivelmente já deve ter mandado perguntar quantos assessores espera contratar o novo presidente americano, para lhes poder enviar o número correspondente de computadores Magalhães, uma vez que, como os dele, não devem precisar de mais do que isso para o exercício da sua função. Nada melhor do que um computador verdadeiramente ibero-americano para os assessores de um presidente afro-americano...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A Redacção...

Uma professora do ensino básico pediu aos alunos que fizessem uma redacção sobre o que gostariam que Deus fizesse por eles.
Ao fim da tarde, quando corrigia as redacções, leu uma que a deixou muito emocionada. O marido, que, nesse momento, acabava de entrar, viu-a a chorar e perguntou:
- O que é que aconteceu?
Ela respondeu:
- Lê isto. É a redacção de um aluno.
"Senhor, esta noite peço-te algo especial: transforma-me numa televisão. Quero ocupar o lugar dela. Viver como vive a TV da minha casa. Ter um lugar especial para mim, e reunir a minha família à volta... Ser levado a sério quando falo... Quero ser o centro das atenções e ser escutado sem interrupções nem perguntas. Quero receber o mesmo cuidado especial que a TV recebe quando não funciona. E ter a companhia do meu pai quando ele chega a casa, mesmo quando está cansado. E que a minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de me ignorar. E ainda, que os meus irmãos lutem e batam para estar comigo. Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado, de vez em quando, para passar alguns momentos comigo. E, por fim, faz com que eu possa diverti-los a todos. Senhor, não te peço muito...Só quero viver o que vive qualquer televisão."
Naquele momento, o marido disse: - Meu Deus, coitado desse miúdo! Que pais!
E ela olhou-o e respondeu:
- Essa redacção é do nosso filho…


(Recebido por email)

O quê???



Na saúde, tal como em muitas outras áreas fundamentais para o país, não há dinheiro para nada… E anda o Estado a gastar os poucos recursos que disponibiliza para andar a criar mulheres falsas?
Só pode ser brincadeira… Não pode ser verdade, não acredito.

Vai ser o Éden...



“Os bancos que venham a utilizar parte da verba de quatro mil milhões de euros que o Estado colocou à disposição para que as instituições financeiras possam reforçar os seus capitais terão de estar dispostas a financiar a economia, em particular as famílias e as pequenas e médias empresas.”

Os bancos vão, assim, tornarem-se instituições de caridade, vão trabalhar para o bem da sociedade e da economia portuguesa, na ajuda às famílias mais carenciadas e às PMEs. Os banqueiros e grandes capitalistas vão prometer nunca mais fazer tolices e não especularem tanto, agora que o Estado lhes põe à disposição mais dinheirinho para eles terem mais juizito.
Já ouço violinos e harpas tocados por anjinhos, num nimbo dourado em que Sócrates, Teixeira dos Santos, Vítor Constâncio e os banqueiros são as estrelinhas que cintilam, pululando por ali…
Deixemo-nos de merdas. Vão ajudar famílias? Vão ajudar empresas? Vão, como sempre, as deles e as dos amigalhaços.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Não quero!



Hoje fiz umas contas. Hoje fiz umas contas. Confesso o meu analfabetismo matemático, já que só estudei essa disciplina até ao 9º ano mas, ainda assim, penso saber o suficiente para fazer algumas contas. Um banco, o BPN, criou um prejuízo de 700 milhões de euros e o amigo Estado resolveu cobri-lo. Assim, pela minha matemática, e considerando que somos 10 milhões de portugueses, dá a cada um de nós uma pequena encavadela de 700 milhões de euros a dividir por 10 milhões de portugueses, o que dá 70 euros. Ora acontece que nem todos pagam directamente, por exemplo as crianças, logo, apenas em minha casa, onde somos 4, dá a bonita soma de 70 euros a multiplicar por 4 o que dá 280 euros que tenho de pagar pelo que os crápulas do BPN, do Governo e do Banco de Portugal fizeram.
Eu confesso que não sei o que é um milhão de euros, nunca tive, nunca vi, mas sei que não quero que alguém despeje sobre a minha família o custo de 280 euros para ficarmos a pagar… Além disso, era supondo que todos os outros pagariam, mas como há muitos outros, fora da minha família, que não pagam o estrago é muito maior, está certo?
Não quero!
Estou-me nas tintas para a bancarrota, aliás para esses rotos em geral, para as falências e para o que vai ser da vida dos banqueiros que são responsáveis por isso, sei apenas que em termos monetários será muito melhor que a minha, e sem essa dívida…O Vítor Constâncio, o Cadilhe, o Teixeira dos Santos, o José Sócrates, Paulo Portas e esses banqueiros, de que eu não sei o nome mas que sei que arrecadaram os lucros desse negócio ao longo destes anos, que paguem essa porcaria, pois eu não sei nem quero saber o que são esses números, só sei que não quero que me endividem, a mim e à minha família, por algo que não fizemos e do qual não lucrámos um cêntimo.
Mas, se tem que ser assim, então, deixem-me andar dez anos a comprar e negociar tudo o que me apetece, a mandar o dinheiro para a Suíça e sítios desses, e depois privatizem-me a mim, que eu não me importo e sairá muitíssimo mais barato.
Mas há mais contas...
Texto: hugo.f.soares@24horas.com.pt
"O Estado vai injectar quatro mil milhões de euros no sistema bancário “através de acções preferenciais”. Uma medida, garante o ministro das Finanças, para reforçar a solidez financeira das instituições. Um investimento de quatro mil milhões na banca que vai ser financiado com dinheiro de todos os portugueses. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2006 havia 3,89 milhões de agregados familiares no país – repartindo a despesa de quatro milhões por todos, dá a módica quantiade 1042 euros por família..."
A lógica e a realidade é a mesma, como grande número das famílias não irão pagar, lá vai o meu endividamento aumentar exponencialmente e, mais, continuando a tentar sobreviver às dívidas e aos juros usurários, taxas e não sei quês que pago aos bancos e os impostos que, por tudo e por nada, pago ao estado.
Não quero! Os bancos, os banqueiros, os políticos e os governantes que se lixem todos, não nos lixem é mais a nós...

domingo, 2 de novembro de 2008

Viva o amigo Estado...



Governo anuncia nacionalização do BPN


Óptimo, bela notícia… Ficamos a saber que o Estado fica comprador dos negócios que corram mal, isto é que foram delapidados pelos especuladores, administradores e directores em negociatas sujas e nada transparentes, após essa actividade estruturante para a economia portuguesa, entram em falência e o Estado compra… Mas atenção, têm que ser bancos… no resto dos negócios o Estado está-se nas tintas, se o Zé Almeida abre um negócio de canalizador, por conta própria ou como sua pequena empresa, se se lhe acabar o negócio, muitas vezes porque os credores lhe ficam a dever, a Canos Almeida Lda. não é nacionalizada e o homem fica a pagar as dívidas o resto da vida… Quem o mandou não ser banqueiro…
Belo exemplo nos dá o Estado, enquanto não houve problema vigorou a livre concorrência do mercado e foi roubar à bravosca, competiam a ver quem sacava mais; quando as coisas não correram bem, o Estado, com o nosso dinheiro, garantiu-lhes o aval das negociatas e não deixou a livre concorrência e as leis do mercado funcionarem, deixando ir à falência os nossos banqueiros e especuladores. Mas, então, já que intervêm na Economia e nas leis do mercado porquê que não o faz também nas gasolineiras, impedindo-as de venderem os combustíveis aos preços usurários a que os vendem? Se intervém para ajudar os grandes, mais depressa deveria intervir para ajudar a todos, não é? É que se o mercado, neste caso, funcionasse, as contas eram fáceis de fazer, com o crude a $147 (USD) o barril
o gasóleo vendia-se a 1.4€, agora, com o crude à volta dos $60 (USD), deveria vender-se a… nunca mais de 0.70€ o litro, o que ainda deixava muita margem para as sanguessugas da mangueira encherem a pança… Mas é assim que o governo é. Forte com os fracos e fraco com os fortes… o saldo é, pois, fraco ao quadrado…

Claro que para Vítor Constâncio no BPN não há culpados, nunca há culpados entre os amigos e este cavalheiro é amigo de todos os que são desonestos e trapaceiros em Portugal... Até quando?

E a Educação em Portugal?



É estranho e preocupante o silêncio de Manuela Ferreira Leite sobre o problema que se vive na Educação em Portugal, tanto mais que já foi ministra da educação e, como tal, deveria prestar mais alguma atenção, até tendo em conta a sua experiência e o conhecimento que retirou desse exercício.
Infelizmente não o consigo fazer directamente, portanto, fica aqui o desafio a Manuela Ferreira Leite, Pedro Passos Coelho, Paulo Rangel e ao PSD: O que pensam sobre a questão do problema da Educação em Portugal e quais as propostas que têm para apresentar a professores, pais e alunos sobre as quatro grandes questões legislativas deste governo, o Novo Estatuto da Carreira Docente, o Novo Estatuto do Aluno, o Novo Modelo de Gestão Escolar e O Novo Modelo de Concurso de Professores? Ou estes são assuntos que não lhes interessam?