sábado, 7 de março de 2009

Têm o longo Termidor


Governo só tem pequenas obras para inaugurar em ano eleitoral.

Não concordo minimamente com esta notícia. Com efeito, o governo tem, para inaugurar ou propagandear, as grandes obras que produziu no seu mandato e, contrariamente ao título, não só não são nada pequenas como nem terão sido fáceis de pôr em prática. Senão vejamos apenas as quatro maiores obras…
1ª O regresso do medo, da censura e do espírito de bufaria que, paulatinamente, se foi instaurando. Foi a maior obra deste governo. Não me lembro de ter vivido um período em que as pessoas tenham andado tão assustadas e, confesso, com toda a razão para isso. Este governo fez tábua rasa dos direitos liberdades e garantias e, por toda a parte e de uma ponta à outra da sociedade, espalhou o medo num Termidor crescente. Desde o caso Charrua às ameaças e silêncios dos ministérios, até às listas de disponíveis e cessação dos vínculos laborais da função pública e aos inúmeros processos e perseguições que lançou. Segurança e estabilidade de vida foi coisa que rapidamente desapareceu. Todos andam desconfiados e a fugir a tudo e a todos, à espera de serem perseguidos ou despedidos...
2ª A escandaleira pública e judicial levada à ponta da espada desde os mais comezinhos protestos até aos grandes processos mediáticos. Esta obra caracterizou-se, como o papel higiénico de melhor qualidade, em ter folha dupla: uma que limpa e branqueia tudo o que é relativo aos amigos do rato, a começar por todos os casos da ratazana-mor, e outra que fazia um rol dos alvos a abater e a perseguir. Não foi tarefa fácil, mas foi obra feita com muita eficiência e qualidade.
3ª A destruição completa dos principais sectores da vida portuguesa, começando pela educação, justiça, segurança e saúde para terminar na implosão da economia, com os despedimentos e encerramento de empresas massivos e as negociatas catastróficas com que, para salvar os ricos, amigos e poderosos, empenharam ainda mais todos os outros cidadãos. Também aqui a obra é ímpar e muito vasta.
4ª A destruição moral de toda a população, excepção feita aos apaniguados que não só já se anafaram bem, como vêem o futuro a sorrir-lhes. Fora estes últimos, todos os outros estão completamente descrentes de tudo e de todos, mas, sobretudo, desse ninguém que é o futuro. Também aqui deixam outra obra bem-feita para quem vier a seguir: recuperar a esperança perdida de toda uma nação. Na horripilante possibilidade desta gente ficar, a questão é ainda mais grave, pois será comparável à que os judeus da Alemanha terão sentido em meados da década de trinta, ou seja, para onde vamos fugir… Será preferível vender tudo, nem que seja ao desbarato, e partir antes que seja ainda mais tarde.

É pelo que fica escrito que não concordo com a notícia. Deixaram obra e têm essa mesma obra para fazerem sobre ela inaugurações solenes, não lhes agrada o que têm para inaugurar? Então não inaugurem, assim como assim, nós também preferíamos que não a tivessem feito.
Esperemos que os meses que se aproximam terminem melhor, com a cabeça do nosso Robespierre exibida aos que ainda ficaram com ela nos ombros, numa verdadeira revolução de 9 de Termidor...

1 comentário:

Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=lmG57WlIpEc

ESTE FILME É O PRENÚNCIO DO FUTURO...