Estamos a assistir a um dos episódios mais bizarros de que me lembro… Os sindicatos demarcaram-se daqueles que deviam representar, preferiram servir os seus interesses, que eu não sei nem quero saber quais são, e assinar o acordo de Judas com a ministra da educação, acordo esse que a larga maioria dos professores não desejava que fosse assinado. Eles sabiam e fizeram-no… Eu pertenço ao lote dos que estavam contra a assinatura desse acordo, para mim, e tenho dificuldade em entender outra forma de pensar, prefiro não assinar nada a assinar um mau acordo e era isso que os sindicatos deveriam ter feito. Não assinavam acordo nenhum, já que esse acordo em nada beneficiava nem a classe nem a escola, e as coisas ficavam assim… Logo se via no que dava.
Infelizmente, essa camarilha de sindicalistas, encabeçada pelo horrível Mário Nojeira, não pensa como eu, nem como a maioria dos colegas, pois também não sofre na pele os efeitos das coisas que assinou, como não dão aulas há muito tempo e assim continuarão, não sabem nem querem saber dos reais quotidianos dos professores, nem digo dos colegas porque já não o somos. Eu sou professor eles são sindicalistas, não deviam ser mas são profissões completamente diferentes. Garantiram para eles as suas mordomias e excepções e foi tudo o que conseguiram e, se calhar, tudo o que queriam.
Resumidamente, desde logo, como era evidente, deu-se a maior ruptura que alguma vez vi entre professores e sindicatos, nas escolas, onde os professores trabalham, vivia-se um clima de perfeita incredulidade… Então foram assinar aquela porcaria e trair os 100 000 que se manifestaram em Lisboa? Sim é verdade, merda para isto… Da euforia à depressão foi um passo muito curto e os sindicalistas, lá por onde andam, cantavam a vitória dos demagogos na qual só eles fingiam acreditar e acabaram por ficar ligados ao péssimo acordo que assinaram.
Os professores não. Os professores não só não assinaram nada, como estavam contra essa assinatura, pelo que não se sentiram comprometidos em convocar uma manifestação, pois esse é um direito consagrado e porque nas escolas, onde os sindicalistas não estão, tudo corria pelo pior. Nada do que foi legislado funciona, nem o novo Estatuto da Carreira Docente, nem o novo Estatuto do Aluno, nem funcionará o novo Modelo de Gestão Escolar, nem a nova forma de Concurso de Professores. Contrariamente ao que se possa pensar, de burros os professores não têm nada pelo que cedo perceberam que toda esta diarreia legislativa tinha que parar… e, como muito má que é, não tem emenda possível, apenas se pode pensar na revogação de toda esta legislação, voltar temporariamente à anterior, que podia ter defeitos mas funcionava, até ser encontrada e testada uma melhor. Tão só.
Quer-me parecer que, com todas estas asneiras, os sindicatos perderam o barco, sendo ultrapassados por movimentos e grupos de professores fartos de sofrer na carne toda esta situação e, para mim o pior, o facto de olharem para a frente, para a direita e para a esquerda e só verem um futuro pior. Os professores estão habituados a sofrer. Todos já sofremos, desterros, injustiças, falta de reconhecimento, menosprezo, etc, mas sempre pensávamos que era provisório… Que se lixe é só um ano. E lá aguentávamos. Bem, com os sindicatos a passarem para o outro lado da barreira, não só ficámos sozinhos como sem esperança de dias melhores. Daí estas associações virem colmatar a necessidade que se sentiu pelo abandono dos sindicatos… Não são anti-sindicalistas ou contra os sindicados, coisa que significa precisamente a mesma coisa mas que o Mário Nojeira, coitado, tão cego está com a fuga de clientes, não consegue sequer perceber… Tal como não consegue perceber, porque sempre foi um interesseiro e um lacaio do PCP, que estes movimentos não são anti-sindicalistas, são é movimentos que se estão nas tintas para eles… E isso é inconcebível para quem tem como profissão ser sindicalista e se habituou a ver os professores como um rebanho que apascenta e dirige.
Acontece que os professores nunca foram carneiros e, desde a fatídica assinatura, a já fraca ligação que existia com os sindicatos foi quebrada, nós já não confiamos neles, nem eles em nós… Foi o que conseguiram as mentes brilhantes capitaneadas por essa luminária de bigode que, ainda por cima, vem agora falar que os outros, isto é os professores, é que estão a provocar a desunião… Será que ele não percebe que não está numa reunião de sindicalistas onde todos lhe dizem ámen, porque é essa a sua profissão… Será que não tem sequer alguém que lhe explique isto? Será que não percebe que se esta ministra, e este governo, arruinou a educação em Portugal ele arrumou de vez com os sindicatos? Não teria sido mais eficaz se estivesse a soldo da ministra e do governo…
Mas será fácil de ver… se marcar uma data diferente de 15 de Novembro é porque, definitivamente, não liga nenhuma aos seus antigos colegas, os professores… Que, obviamente, lhe pagarão na mesma moeda...
Em video, aqui, o resumo do estado das coisas
3 comentários:
“Nunca tão poucos enganaram tantos!” Foi sindicalizado 31 anos, foi sócio fundador de um sindicato. Deixei de acreditar nesta gente que diz à boca cheia que me representa. A mim não, que representem lá quem eles quiserem. Acabou, que vão para as Escolas a dar aulas para aprenderem o que é, Ser Professor!
Saudações solidárias
Continuo sindicalizado e não vou desistir. Não estou de acordo com os sindicatos e vou à manifestação de 15. Sofrerei, tal como a patroa, de doença tripolar?
Enviar para o correio da Milú (a Gaja, não o cão, entenda-se).
BoaNôte sôr quinke
Senhor Anónimo, escreva "fui" em vez de "foi".
Não me leve a mal.
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