Sexta-feira, 5 de Dezembro
OS ÓRFÃOS DA CONFAP
Na crónica de há quinze dias, um texto que questionava a relevância da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) no "debate" sobre a educação enervou o respectivo presidente. Ontem, o DN publicou ao abrigo do direito de resposta uma carta do dito Albino Pinto Almeida, Dr. (é assim que, na carta, o senhor se intitula), pretensamente a desmentir-me. Pretensamente, insisto. Na prática, Albino Pinto Almeida, Dr. não contraria uma sílaba do que escrevi, limitando-se a cobrir de predicados a "voluntária" e "abnegada" instituição e de insultos o meu "infame" e "ultrajante" artigo. Deixo alguns exemplos.
1) Escrevi, porque se infere das suas posições públicas, que a Confap "costuma opor-se à avaliação e à reprovação das criancinhas". A reacção de Albino Pinto Almeida, Dr. não passa por fazer prova do inverso, mas por sublinhar o "tom pejorativo" que utilizei.
2) Escrevi que a Confap ameaçou processar os blogues que divulgaram o financiamento que lhe é atribuído pelo ministério da Educação. Albino Pinto Almeida, Dr., que não nega a intenção de processo e confirma o financiamento, descobre no meu "tom ofensivo" uma insinuação de ilegalidade que nunca me ocorreu e, imparável, segue por aí fora, entre considerações inflamadas acerca da "negligência" do "rigor jornalístico". Acontece que não me custa imaginar a licitude dos subsídios. Já Albino Pinto Almeida, Dr. revela óbvias dificuldades em imaginar o impacto de subsídios lícitos na isenção da organização a que preside.
3) Escrevi que a Confap se esforça "por manter as criancinhas presas em 'actividades extracurriculares'" e citei o seu próprio presidente, segundo o qual as crianças "são biologicamente nossas, mas socialmente de toda a comunidade". Albino Pinto Almeida, Dr. não comenta.
4) No fundo, Albino Pinto Almeida, Dr. esclarece somente a questão do crédito que a Confap merece. Na sua orgulhosa estimativa, aquela entidade representa "19.635 pais". Não duvido da estimativa nem tenho espaço para discutir a equívoca relação dos pais com a escola. Digo apenas que haverá cerca de um milhão e meio de alunos inscritos no ensino não superior, pelos vistos quase todos órfãos.
Alberto Gonçalves texto retirado daqui.
Pequeno comentário:
Apenas consegui ter acesso a esta peça, pelo que desconheço o resto e o contexto das declarações de um dos indivíduos que mais abomino. Porém chega-me a pequena citação que aqui se faz do inenarrável Albino Pinto Almeida, Dr (o que será isto???); faz-me lembrar aquele episódio do Vasco Santana com as tias e o empregado do jardim zoológico, em que o primeiro repetia constantemente para o último: chame-me Doutor, homem; chame-me Doutor; isso, mais alto… e por aí adiante. Bem, mas regressando à citação do Albino Pinto Almeida, Dr. ‘segundo o qual as crianças "são biologicamente nossas, mas socialmente de toda a comunidade."’
Tenho a dizer: este homem é um perfeito idiota e mentalmente perigoso; fala das crianças como propriedade sua, mas, obviamente, sem o conseguir especificar… as crianças são biologicamente nossas… o que quererá isto dizer? Da Confap, seja lá o que isso for, dele e na mulher, enfim é para mim um mistério insondável, que foi pena aquele precioso intelecto não ter tido o cuidado de explicar melhor. Contudo, entendo que dentro de qualquer ponto de vista, incluindo o biológico, as crianças, como qualquer homem, são seres únicos, inconfundíveis e irrepetíveis e, mesmo no caso dos gémeos monozigóticos, que não sei se é o caso das suas famosas gémeas, a diferença que vai entre o genótipo e o fenótipo é de todos tão conhecida que, talvez à excepção dessa luminária, não vale a pena realçar mais. Mesmo por aí, o burro não chega à alface.
Quanto à ideia de que as crianças são socialmente de toda a comunidade, ele que fale por ele e pelas filhas dele. O homem deve julgar que viva na república de Platão, na China ou no raio que o parta. Os meus filhos são únicos, são deles próprios e quero que assim continuem até ao fim das suas vidas e mais, sou capaz de lutar até à morte contra quem os queira tornar como socialmente seus… Esse amiguinho, pois, que se cuide, Dr. ou não quero que ele meta as suas ideias totalitárias e idiotas onde muito bem entender, espero é nunca ter de voltar a ler barbaridades deste calibre por sujeitos que, ao que julgo saber, são financiados pelo estado. Com esses financiamentos, que compre uma Constituição da República Portuguesa e que leia, já que é Dr., a Declaração Universal dos Direitos da Criança.
Se não for capaz de o fazer, que se cale para o resto da vida e desapareça, que é um favor que nos faz a todos…
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