domingo, 17 de agosto de 2008

Chapéus de Sol? Só nas zonas autorizadas...



Logo após ter sabido do ataque georgiano às forças russas convenci-me, e escrevi-o aqui, que Putin não iria abrir mão de retirar deste incidente todas as vantagens possíveis. Por isso, sempre tenho considerado Mikhail Saakashvili como um imprudente e um arrivista megalómano, marioneta não sei de quem, com uma verborreia tão escorreita que só a sua cobardia parece superar… De resto, também aqui, mostrei as imagens do bem falante galaró que, ao ouvir um pequeno zumbido, foge com a maior valentia, velocidade e inutilidade para debaixo das saias da mãe, no caso uma série de guarda costas completamente assustados e desnorteados que me pareceram, eles próprios, mais perigosos para si e para quem protegem, do que qualquer atacante… Faz-me lembrar a letra de uma música dos Trust (infelizmente indisponível no You Tube) intitulada Mr. Comédie, dedicada ao ayatollah Komeni que vos passo a citar:
C'est un peu facile de dicter des messages
Quand on est au chaud à l'abri des assauts.
Pendant que tout un peuple criait "démission"
Et tombait sous les balles. (…)
Agora, creio que, apesar das palavras daqui e dali, a Geórgia acabou por deitar tudo a perder… A sombra do chapéu-de-sol da Nato não chega ali e foi precisamente isso que Putin quis fazer notar. Quando outras figuras, como a chanceler alemã, ainda insistem nesse tema é apenas fogo de vista, para além disso, a entrada de novos membros para a Nato tem de ter a concordância dos já signatários e quem quer hoje assinar com a Geórgia e com o monsieur comédie (desculpem Sakashvilli, mas como rima na mesma…), um acordo de ajuda e intervenção militar em caso de agressão de países terceiros? Quem nos diz que o homem, caso se aguente, não repete a mesma frescura? Depois, o sinal da Rússia foi claro: não queremos Estados como estes na Nato, aliás, se pensarmos bem, que sentido faz hoje em dia a Nato, se não se pensar numa guerra contra a Rússia ou a China e isso é impensável para mentes saudáveis…
É apenas isto que eu gostaria de perguntar, não se apagam fogueiras atirando gasolina para cima delas, nem se melhoram as relações com os vizinhos do lado reforçando o muro do quintal com arame farpado electrificado e comprando dois pastores alemães… Ora, é exactamente isso que os americanos, alguns europeus e outros, que querem fazer de conta que já o são, estão a fazer. Não me parece o caminho a seguir.

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